quarta-feira, 26 de maio de 2010

REGRAS DE ETIQUETA

Ser mulher é ser uma pária. Se vc não está disposta a lavar, passar, cozinhar, cuidar de filho, marido, trabalhar e ainda arrumar tempo para se depilar e fazer as unhas, amiga: se mate, por favor.


Fora as regras de etiqueta: não fale alto, não use decotes, não dê gargalhadas, não fique séria, não coma muito, não use batom vermelho, não fale palavrão. Que graça tem ser este robô? Que humano é falar alto e 8767564 palavras por minuto. Falar com os olhos, com as mãos, com o corpo inteiro. Tomar um porre, dar gargalhadas, ser boca-suja, comer em prato de peão, perder a dignidade. Agrada-se uns, desagrada-se MUITOS. Mas que graça tem entrar numa onda de Barbie só pra conquistar o gatinho da mesa ao lado? Ele vale mesmo tudo isso?

Que triste sina ser refém de uma sociedade taxativa, que tá sempre se importando com a vida alheia, como uma velha síndica mal comida. Se fala alto, é barraqueira. Se usa batom vermelho, é biscate. Se toma Martíni, é pinguça. E assim caminha a humanidade. Pra ser esta coca-cola toda, paga-se bem caro. É muito difícil ser fácil, mas se esta for sua felicidade, também não deveria ter preço.


 Eu naisci assim, eu creisci assim, vou ser sempre assim

Daí você, toda independente e cheia de si, resolve tomar iniciativa. Parece fácil. Peitos lindos, lábios rubros, só piscar e o broto vem. Mas aí vem a regra de etiqueta número 288: ser sexy sem ser vulgar, RISOS. Não há recompensas em ser uma mulher livre de convenções sociais e eu não sou a pessoa mais confiável pra aconselhar porque neste baile do acasalamento já dancei faz tempo. Mas é issaí: se você segue regras e receitas pra ser quem/o que não é, em algum momento será cobrada. Ao mesmo tempo, tomar iniciativa "sem ser vulgar/louca/fácil" nos põe em conflito com o papel ideal da mulher numa sociedade extremamente machista. Aquela que "se dá ao respeito", MAIS RISOS.

Vesti azul e a sorte então mudou. Vesti azul e o broto então gamou.

Não é fácil quebrar tabus, queimar sutiãs e se bancar. Se vc é feliz sendo Amélia, fazendo joguinhos de sedução, tico tico no fubá e etc, ok. Mas se vc se sente aprisionada ou vítima dos próprios desejos, então é hora de pensar se não vale outro estilo de vida. No qual ninguém tem nada a ver com seu corpo ou com seu comportamento. No qual você é mais que um rótulo ou um poço de carência. No qual você faz o que simplesmente tem vontade e se ele achar ruim, é um problema DELE e não seu. 

Quando você se entretém com a sua vida e não com achar um marido, ser fácil é o que é: fácil, simples. Renato Russo já dizia que "sou minha, só minha e não de quem quiser" tá longe de ser a difícil. Está em ser você, inclusive sendo fácil, se esta for sua vontade. 

Eu não cobro dificuldade de mim, jamais dificuldade vai me atrair no outro. Parto do princípio que, de complicado, basta o controle remoto. 

Leia Também