E tudo que ela foi, foi de
coração. Pulsante, vibrante. No amor e na guerra, no sexo dos anjos, na
honestidade escancarada de sentir até as vísceras naquela alcova de semblante azul.
Mas agora, só lhe restava ser uma Geni apedrejada, uma Madalena arrependida.
Rejeitada, descartada, humilhada, cuspida na cara e na alma. Uma puta triste de
seus desígnios. Uma gueixa levada aos confins do escárnio. Uma estranha vocação para amar no prazer,
quando deveria apenas capitalizar. Monetizar, sectarizar, lucrar. Just business, just have fun.
Porém tudo que foi, foi de
coração. Na ponta dos dedos e não atrás das costelas.
Para esta côrte, era tão
cocô-da-mosca-do-cavalo-do-bandido, que merecia sequer uma desculpa, uma
mentira sincera en passant, seu nome pronunciado. Sentia um djavu, mas este era
o mais ultrajante de todos, acontecendo aqui e agora.
Sempre curava suas dores na própria ânsia antropofágica, mas dessa vez decidiu viver o luto em fratura exposta, como um cadáver carente de velas, de flores, de pesares, especialmente de rezas. Decidiu viver pra nunca mais esquecer. Pra renascer uma Fênix com memória de Elefante.
Sempre curava suas dores na própria ânsia antropofágica, mas dessa vez decidiu viver o luto em fratura exposta, como um cadáver carente de velas, de flores, de pesares, especialmente de rezas. Decidiu viver pra nunca mais esquecer. Pra renascer uma Fênix com memória de Elefante.
E sentiu. Cada barulho
ensurdecedor desse silêncio sepulcral, cada mensagem calada, cada eco. Sentiu
queimar, como se fosse Bruxa na fogueira dessa Inquisição pessoal.
Por fim, chorou. Não
acreditou. Lamentou. Morreu. Mas morreu dignificada pela dor.
“Ninguém notou, ninguém morou na dor que era o seu mal.
A dor da gente não sai no jornal.”
(Chico Buarque)